domingo, 19 de fevereiro de 2017

Na bagunça do quebrar-se, o encontro com o vital.  Um olhar para dentro, de cuidado, atenção e revisão. Aceitar as companhias da caminhada, reconhecendo-as existentes, em tempos desejosos de esquecimento. Como um quebra cabeça, bagunçado pelo vento, revirado e misturado, mas confiante em sua tendência de construção. Peça por peça, dia após dia. E se por ventura o acaso assim desejar, o formato há de se preservar por aquilo que chamei de vital. O desenho? Sinto que é momento para novas pinturas, ao dar-me conta que o que me resta, não é resto.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Faz pouco mais de uma semana. Faz silêncio. Faz barulho. Faz presença e ausência, alternando-se nas confusões do dia. Nas da noite, a gente cura com discos de saudade.
Faz ventania também. Do nada, no vislumbre de uma simples lembrança que bate, rodopia e segue.
Há quem diga que seguir é mudar de rumo. É olhar para frente, mirar o além e não olhar para trás nem pelo retrovisor. "É para frente que se anda", dizem com a certeza que os anos de boteco proporcionam, ainda que as lamúrias atormentem após algumas doses...
Há quem diga, por outro lado, que é preciso sentir. Enamorar a beleza da dor, da falta. Deixar latejar, dar vazão à experiência e atribuir, então, novos sentidos.

Entre falas e malas;
conselhos e e anseios;
paro.

entre passos e calos,
apertos e encontros,
paro.

indo e vindo.
caminhando e parando.
em você, mas sem você.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

é um cansaço que grita e silencia.
Silencia e grita.
como uma onda que vem, preenche, renova e abastece.
A correnteza, impiedosa comigo, arrasta-me de volta, triste por só encontrar areia.

e descubro que seguir em sua direção só é possível com o balde cheio.

domingo, 30 de outubro de 2016

agora é ponto distante
doído, errante.
uma saudade sem tempo.

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

"eu juro afeto e paz não vão te faltar...''

tá aqui tocando. no fone também. e tá alto.
vem cá. deita aqui no meu abraço e ouve isso.
é só bem querer, moça. nesse tantin assim, ó.
dá pra sentir? pois é.

esse abraço que se aperta sozinho. 
juro, eu num faço força.
té vejo as bochechas se amassando.
té vejo os pés conversando em segredo.
é dedo com pele e pele com dedo, sem medo. 

deixo tudo lá.

é que meu corpo todin,
com o seu todin,
dá certo.


terça-feira, 23 de agosto de 2016

Das boas novas que o sono tem me dado,
sua preguiça, saudosa de afago.
Seu rosto, por um bocejo, cativadoramente deformado.
Nossos toques reconhecendo o amado.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Da chegada, ventania.
Das dores, agonia.
Do sorriso, calmaria.
Da noite, companhia.